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Os olhares falam as palavras que a boca não pronuncia, talvez esse seja afinal o nosso sentido mais apurado.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

FOTO-GRAFIA

"They call me observant. That’s not particularly true. People are so easy to read - we bleed emotions even in the way we drink our coffee. No one seems to notice though. They’re all too busy drinking their own damn coffee.”

One place

Falo-te do único sítio onde apenas o silêncio me pode interromper.
Falo-te no desvelar da noite, de pés soterrados em castelos que outrora o mar levou, entre um vento que tem tanto de intrometido quanto de apaziguador. 
Falo-te de olhos no futuro que progride num horizonte de perder a vista.
E escrevo-te. 
Porque sei que precisas de me ouvir na tua voz. Como se cada palavra minha fosse validada por cada centímetro do que és. E serás.
Como se te erguesse dos pensamentos que tantas vezes te toldam, por esse mergulho na obstinação de colocar hipóteses à frente de factos, na esperança de ser a idoneidade das circunstâncias, o encontro com as tuas expectativas.
É nessa prudência estratega que a ti me levo.
Como quem só te deixa um bilhete a lembrar que uma hipótese não mais é que o que querias que fosse, não o sendo. 
Como quem te veio recordar que esse teu prazer não encontra destino por não se saber na rota. Porque lhe andas ao encontrão descoordenado, numa certeza que em olhar alheio, não te domina nem prevalece.
A ti, mais evoco. A uma lucidez peremptória, de quem já deveria saber que
clamar ao destino é cortar-lhe as intenções. Como quem sucumbe ao medo do que está para vir, julgando que sabe mais de justiça que a própria vida.
Falo-te assim. Na forma ímpar, digna de quem só conhece a verdade. A tua. 
E essa é de que acordas todos os dias um paradoxo de quereres.