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Os olhares falam as palavras que a boca não pronuncia, talvez esse seja afinal o nosso sentido mais apurado.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Pertence-te

As pessoas conhecem-se sem se conhecer, porque se mostram querer saber-se.  
Escutam-se por uma voz que não ouvem - é aí que se reparam sem ver.
Conhecer é saber contar os outros numa história igual mas diferente da sua.
Acho que é assim que as pessoas se conseguem falar, pelo que conhecem de si, misturado numa maneira que é dos outros.
E não se mudando, mudam-se.
Nunca se pertence mais aos outros que a si mesmo. Ou é assim que deveria ser; não confundir identidades de impressões digitais diferentes.
Pertencer-se é tão seguro, como quem se aguenta em dois pés. Mas se não o fosse igualmente acrescentar-se, ninguém se equilibraria com o pé que restou, do que lhe foi tirado. 
Por muito mais, mas por isto, uma das melhores coisas não é possuírem-se - como quem não arranja espaço no cheio que cada um já é - mas pertencer-se. 
Quem se pertence, dá-se sem se confundir. E quem não se confunde, não é nada mais, do que aquilo que é, acrescentado ao que, sempre, espontaneamente, um dia o farão ser. 

Kind of contradiction

"I want to write a novel about silence…

  the things people don’t say."
Virginia Woolf