.

Os olhares falam as palavras que a boca não pronuncia, talvez esse seja afinal o nosso sentido mais apurado.

sábado, 13 de agosto de 2011

Itinerário d'mão

Viajo quieta no meu lugar.
Não é por acaso que existem jogos de damas, verbos inventados, linha-em-três ao invés de três em linha.
Agora estou em frente a ti, deixa-me olhar-te pela palma das mãos - elas não mentem.

5

Asseguravas que eu seria assim mesmo, demasiado opaca, apta a fazer da linguagem um enigma. E eu ficava a olhar-te, numa tentativa de desmistificar esse teu código morse.
Talvez fosse esse o teu desafio para comigo: o teu jeito inconcebível de ser, a forma imperceptível de te esconderes.
Aprendi tanto enquanto te observava, sabes?
Esgotava exaustivamente os segundos a pensar no que verbalizavas, e no meio de incontáveis frases vazias para os meus ouvidos, aparentemente desprovidas de conteúdo, descobri finalmente, que em cada uma delas, havia sempre, metade de mim, e metade de mim em ti.

Des-focar

Um dia vou saber identificar-me no meio destes meios nós e destes quartos de frases.
Tu já sabes quem sou?
Eu não.

sábado, 6 de agosto de 2011

Fire

Reboliço tremendo. História desalinhada.

A vantagem estava em perceber qual era o teste, a prova que quis reunir.
Traidora ambiguidade - levaste a mal entendidos permanentes.
Assumo como se de uma vírgula se tratasse, quero deixar em aberto a incompreensível posição.
É esse o adjectivo.
A confusão soa, o eco acorda - faz incoerentes deduções.
Foram rasgos de pluralidade propositada.

Acabo por não saber o que fazer com os retornos insanos, com a liberdade pontilhada.
Sou incapaz de explicar - predispus-me a não fazê-lo, não tentar - ainda que permita cruzar o sítio de partida uma última vez.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Queres ficar?

Só o que é demais é que é o bastante.

It's over, for now

"Sempre acreditei que não se pode querer tudo da vida. Há alturas em que é forçoso escolher e estar disposto a pagar o preço das escolhas feitas. Pese tudo o que possam dizer ou pensar de mim, ninguém me poderá acusar jamais de não ter escolhido e de não ter estado disposto a pagar o preço.”
Miguel Sousa Tavares

Talks

& - Podia não ter sido assim.
M - Mas foi.
& - Há histórias sem fim, sabes?
M - Também há capítulos acabados.
& - Queria poder contá-lo de outra maneira.
M - Mas não podes.
& - Não acho que possas falar francamente da dor, senão quando já não a sentes.
M - É o que estou a fazer, a falar francamente.
& - Isso significa que...?
M - Sim, significa que.

Soletrar



















Vou dormir com papel e caneta debaixo da almofada.
De madrugada, as palavras facilmente perdem a timidez.

Se

Fujo dos olhares encontrados, do pé que encosta no outro sem aviso, do toque de mãos.
Fujo do longe, do perto - Até hoje, mesmo sabendo
que, no meio de tanto se.