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Os olhares falam as palavras que a boca não pronuncia, talvez esse seja afinal o nosso sentido mais apurado.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Para ontem

As saudades entregam-se com antecedência porque os detalhes acordam a memória.
O tempo acelera, mas os dias não se distraem da sombra que o sol não volta a ver.
Paralisa-se.
A vontade de abraçar torna-se urgente porque nunca deixa de se querer para ontem.
Quer-se tudo para ontem.
Os anos só alargam o que fica por dizer e, se as paredes narrassem histórias, teriam tanto as que foram como as que nunca tiveram oportunidade de o ser. 
O pior de tudo é que a saudade tem uma fome que não passa. Não sacia, nunca.
Julga-se que o que se tem nunca vai ser tanto quanto o que se achava que se poderia ter tido - mas é.
Por isso, segue-se com a quietude de que nada amarga o que se deixou doce.
E dorme-se bem de noite porque a vida não questiona se aquele afecto poderia ter sido maior.
  É o único amor que não demora, chega com 9 meses de véspera.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Touch


 Duvido sempre de quem diz que não há nada mais importante que os olhos. 
Fico a achar que o mundo se esqueceu de acordar essas pessoas.
As mãos são a continuação dos olhos porque envolvem aquilo a que a vontade não consegue chegar. Convidam-nos a falar.
O toque, esse, é a via mais rápida de chegada aos outros e não existe o que os olhos queiram que as mãos não trilhem.
No fim de contas, é esta a razão de se crescer com os "olhos na ponta dos dedos".