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Os olhares falam as palavras que a boca não pronuncia, talvez esse seja afinal o nosso sentido mais apurado.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Amor com M

No meio de toda a incerteza e indefinição que Setembro traz, o vazio dos últimos dias tem sido preenchido com a esperança do fim de anos de um trabalho duro e contínuo, não apenas meu, mas de todos aqueles que comigo partilham um mesmo Amor.
A contagem decrescente do calendário dava conta de um início de acalmia, de um peito cheio e de mangas arregaçadas para o que seria certamente melhor do que o que houve até aqui.
Era Sábado, quando soube que Setembro vinha sem fins, nem inícios. A noite não ia alta, quando a coragem quase se me toldou e os braços quase se me baixaram.
Por minutos, tive direito a deixar de acreditar naquilo que durante muitas manhãs me tirou da cama de olhos semicerrados, e que muitas, muitas vezes, me obrigou a recusar noitadas com amigos.

As primeiras horas de Sábado sabiam a uma corrida que julgava ter chegado ao fim, mas que na verdade, só quase chegou. Por largas horas senti que a prova de esforço desenfreado teria justamente terminado, e que era hora de percorrer um novo caminho, perdoando os 3 últimos anos pelo impasse e pelas paredes destruídas de tanta cabeçada.
Sábado passou, e hoje, Segunda, não tem apenas a má notícia presente; tem o vazio, a insatisfação e a dor que nunca foi embora.
Mas aguenta-se, aguenta-se sempre. Não só por aqueles que nos mostram incansavelmente o valor que julgamos ter adormecido quando a perda é maior que o ganho, mas por nós, por uma vontade e querer que existe como se não houvesse amanhã.

Do tempo que passou, ficou a lição de uma crescente humildade para felicitar todos aqueles que conseguiram - não importa quando - e uma palavra de conforto àqueles que tal como eu, ficaram nos quartos de final do campeonato.
Agora que penso, talvez a perda deste sonho, advenha do obrigatório desejo que não pedi no trincar de velas de aniversário, por isso, não me conformo nem me submeto - afinal, para o ano, se Deus quiser, há mais velas para trincar.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Everything that shouldn't be

"(...) toda a gente é capaz de mentir. Faz parte da vida em sociedade. Não me interpretes mal... Eu estou convencida de que é necessário que assim seja. A última coisa que desejaríamos seria viver numa sociedade onde imperasse a sinceridade absoluta. Imaginas o tipo de conversas? «Você é baixa e gorda.», poderia alguém dizer, ao que a outra responderia: «Eu sei. mas você cheira mal.» Não daria resultado. É por isso que as pessoas estão constantemente a mentir por omissão. Em geral, contam-nos a história quase toda...e eu já percebi que, muitas vezes, a parte que omitem é a mais importante. As pessoas ocultam a verdade porque têm medo."
Um Refúgio para a Vida - Nicholas Sparks

Quotes

"As time goes on, you’ll understand. What lasts, lasts; what doesn’t, doesn’t. Time solves most things. And what time can’t solve, you have to solve yourself."

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Olhar-te

Das últimas vezes que retornei à casa onde cresci, levei uma vontade maior de ouvir do que falar - a minha avó tem esse poder, a hipnose de uma boa falante.
Entre o abrir e o fecho da porta - por onde tantas vezes entrei, sem querer sair - os minutos petrificam e a pujança do poder de palavra, assemelha-se a algo que não se alimenta apenas dos anos, como o vinho do Porto. Há pessoas que nasceram para serem ouvidas, que instalam silêncio só de estarem presentes.
Antigamente, achava assustador existir alguém que soubesse tanto de mim quanto eu. Hoje, e talvez fruto de uma ideia amadurecida pelo tempo, penso que isso é uma herança em forma de mapa, que deixei com alguém para o caso de me perder - alguém que diz que a neta trabalha a boca ajustada aos ouvidos. E por isso, hoje não fui a neta, fui os ouvidos.