.

Os olhares falam as palavras que a boca não pronuncia, talvez esse seja afinal o nosso sentido mais apurado.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Still



Escrevo-te hoje, porque não sei quando voltarei a fazê-lo. Há muito tempo que não sei quando será a próxima vez.
Tudo isto porque, inegavelmente, recusar-me-ei em todos os dias da minha vida, correr o risco de não me entregar seja naquilo que for por inteiro. 
Espero que agora compreendas.
A incerteza daquilo que te quero ou não dizer, até mesmo da forma como tenho que o fazer, paralisou-me a convicção de que sempre que te abriria, estaria à altura do que uma página em branco pode ser.
Não quis desiludir-te, quando apenas acredito nas palavras com que os outros se expressam, não mais nas que te confidencio. Seria injusto desfolhar-te, enquanto esta dualidade não desvanecer.
Foram várias as vezes em que te olhei. Olhei. Olhei apenas.
Escrevo-te hoje, porque no meio de todas as dúvidas, existe a certeza de que nunca haverá uma despedida.
(Ele chegou.) 
Vou ter que ir, deixar-te inacabado.
E prefiro assim, deixar-te pela metade cria a sensação de que voltarei, um dia.
Abri-te clandestinamente, enquanto o medo saiu. Mas voltou rápido.
E ainda que não possa estar por perto, acredita, continuarei sempre aqui.