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Os olhares falam as palavras que a boca não pronuncia, talvez esse seja afinal o nosso sentido mais apurado.

domingo, 20 de junho de 2010

fresh.

Sentei-me no parapeito da janela. A agitação e o ruído faziam-se sentir. Desejei-te comigo. Mais uma vez, só mais uma vez. Lembrei-me do ritmo da tua respiração encadeada na minha e do nosso cheiro uno misturado no ar sem oxigénio. Lembrei-me das tuas palavras a eclipsarem-se enquanto oscilava entre estar acordada e estar adormecida. Os primeiros breves sussurros entre um sono e outro. Lembrei-me da despreocupação horária e de esperar os raios de sol pioneiros e depois fechar finalmente a janela para conjugar presentemente o verbo dormir. Lembrei-me de te querer mais ainda, mesmo estando consciente dessa impossibilidade. Pertencemo-nos, inevitavelmente. E sinto-me inacreditavelmente frustrada por palavras não autenticarem aquilo que abrange cada milímetro de mim.
Quando fitei o relógio e decidi que era chegado o penoso momento de encarar a cama vazia apercebi-me que mergulhei na saudade de algo que apenas acabou de acontecer.
Abomino a efemeridade do tempo.

Por seres o encaixe perfeito, despertei os sentidos e apurei o desejo de te raptar para mim num qualquer retiro paradisíaco - por ser isolado, por nos isolar do mundo.

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