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Os olhares falam as palavras que a boca não pronuncia, talvez esse seja afinal o nosso sentido mais apurado.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Boca de Lís.



Fui mestra nas palavras. Ditei-te vidas profanas como se sílabas, pessoas fossem. Soletrei o teu nome ao contrário, troquei-te as voltas. Fui mestra em deixar-te à nora, navio preso na tempestade solta. Fui tempestade solta, náufrago de ti.
Rimei a vontade de ter, com a fome de o procurar. Só mais tarde percebi que sou poetisa por linhas tortas, versos que se quebram na minha língua cansada. Parágrafos interrompidos, amores perdidos. Talvez os tenha levado o mar. Aos amores, às palavras. Também eu fui com a maré - ora subo, ora desço.

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