Era impossível, começava a não conseguir suportar aquele olhar que a fitava. Aqueles olhos tinham, definitivamente, um poder nela. Não queria, mas ao mesmo tempo era impensável fugir deles. Chegava a doer de tanto que ousavam transmitir. Era uma dor indescritível, a dor que não se importava de ter. Via tudo neles. Prendiam-na de um modo que a fazia querer ficar. Neles via o mundo. E então sorri, sorri porque sente que encontrou algo que a faz querer lutar, algo que julgara até então não ser possível.
Não adiantava, continuava a provocá-la e sabia-o tão bem quanto ela. Tê-lo fixo abalava-a de uma maneira incompreensível. A proximidade tendia a quebrar barreiras. Uma voz dentro de si dizia que não podia, não assim. Depois de tudo o que passara era como se não fizesse sentido.
Mas fazia.
Contudo, resistiu. Resistiu só pelo prazer de mostrar a si própria que era capaz. Mas no fim e por fim, deu conta que não valia a pena, tudo não passara de um mero e indefinido esforço. Esforçou-se para acabar por corresponder aquilo que, por dentro, sempre tinha desejado. Sentiu-lhe a boca. Tudo à sua volta parou, o corredor deixou de o ser e foram-se os sons, as luzes, o movimento - foi-se o espaço acompanhado pelo tempo.
Era só ele e ela.
Eram só e apenas, os dois.
- Tenho de ir.
- Fica.
- Estou a salvar tudo o que sinto por ti, desculpa.
- Fica.
- Estou a salvar tudo o que sinto por ti, desculpa.
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