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Os olhares falam as palavras que a boca não pronuncia, talvez esse seja afinal o nosso sentido mais apurado.

domingo, 29 de abril de 2012

I give, you take

Entende a linguagem corporal, quem outrora dançou.
Quem já errou dezenas de transportes de peso e voltou a errar na tentativa seguinte, na outra e na outra.
Entende-lo quem já sentiu o movimento leve; quem já contou com o próprio corpo uma história que não era sua.
Da dança ficam as extensões, o lifting, o pliè, a postura, a técnica, mas ficam também as mazelas que poucos viram e o eco na sala espelhada durante a queda, que o chão nunca facilitou.
É a queda que faz um bailarino.
Dançar requer - como tudo - dedicação, uma coreografia aperfeiçoada durante horas e uma exaustiva harmonização do corpo com a mente.
Falar é mais simples que dançar. Quando as palavras não mais são que silêncios, a atenção foca-se no gesto, e esse, ele, tem um tempo exacto - um segundo depois torna-se tarde demais.
Depois de tudo, o corpo só nos pede uma coisa - para dançar.

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