As saudades entregam-se com antecedência porque os detalhes acordam a memória.
O tempo acelera, mas os dias não se distraem da sombra que o sol não volta a ver.
Paralisa-se.
A vontade de abraçar torna-se urgente porque nunca deixa de se querer para ontem.
Quer-se tudo para ontem.
Os anos só alargam o que fica por dizer e, se as paredes narrassem histórias, teriam tanto as que foram como as que nunca tiveram oportunidade de o ser.
O pior de tudo é que a saudade tem uma fome que não passa. Não sacia, nunca.
Julga-se que o que se tem nunca vai ser tanto quanto o que se achava que se poderia ter tido - mas é.
Por isso, segue-se com a quietude de que nada amarga o que se deixou doce.
E dorme-se bem de noite porque a vida não questiona se aquele afecto poderia ter sido maior.
É o único amor que não demora, chega com 9 meses de véspera.
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