Gostava
que o calendário fosse cheio de Dezembro. Dezembro 1, Dezembro 2, Dezembro 3, Dezembro
7, Dezembros. Doze.
É
nele que vejo o frio ser mais quente, o amargo mais doce, o longe mais perto, o
ir mais ficar, o pouco mais muito.
Nunca
sei os dias do mês, mas conheço-lhe a chegada pela alma que só estas vésperas
sabem trazer, pela vontade que se passeia pelas ruas, pelas mãos que se dão
mais. E identifico-o pelas medidas; é mais cheio de tudo.
Em
Dezembro as pessoas desnudam-se. E aprecio, aprecio francamente quando as pessoas se
coordenam de norte a sul - pertencem-se mais.
Mas nas horas, nas outras, a vida apetece-se também mais dos filhós da avó inebriados com as histórias do avô, do bacalhau da madrinha acompanhado das meninices do primo e do padrinho, do bolo rei de compra da mãe garfado com as cartadas com o pai.
É
disto que o mundo - digo, as pessoas - precisam mais; de dias que se bastem a si
próprios, apanhados no meio de um tornado que traga, à pele, o coração.
Ao Natal, chamo-lhe Amor, por julgar que, por todos os dias, Amor lhe somos.
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